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O desaparecimento de três meninos no Rio de Janeiro e o desinteresse da sociedade no caso

Em 27 de dezembro, há 71 dias, três meninos desapareceram em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Lucas Matheus, 8 anos, Alexandre, 10 anos e Fernando Henrique, 11 anos.

Eles saíram de casa juntos para jogar bola em um campo de futebol perto do condomínio onde eles moram e nunca mais foram vistos. São 71 dias de desespero e angústia das famílias, sem nenhuma evolução nas investigações. Apesar do desaparecimento ter sido noticiado em alguns jornais e sites, não foi vista nenhuma mobilização, nenhuma comoção geral, seja de autoridades, da mídia ou da sociedade. Nada foi feito para desvendar esse triste mistério.

Nas redes sociais, que costuma ser instrumento de cobrança, em massa, por avanços na investigação, nada é visto.

Até hoje, o mundo está chocado com o caso de Madeleine McCann, a menina britânica que desapareceu em Portugal, há 14 anos. Todo mundo conhece a história, todo mundo conhece o rosto de Madeleine. Nessas horas, fica clara a diferença de importância e atenção dada este tipo de história. Três crianças pretas e pobres não sensibilizam.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense havia informado que as crianças não tinham sido flagradas por nenhuma das câmeras de segurança presentes na região. No entanto, mais de 2 meses depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro identificou os três garotos em uma filmagem que já está em posse da Policia Federal, em que Lucas, Alexandre e Fernando aparecem passando em uma rua próxima ao local onde eles sumiram. 

Em nota, a polícia civil informou que a gravação visualizada agora não trouxe prejuízo para investigação e que nenhuma diligência deixou de ser feita porque as imagens não tinham sido visualizadas anteriormente. Sendo assim, segundo a polícia, não houve alteração significativa na investigação.

Enquanto isso, a mãe de Alexandre, Rana da Silva ainda sofre na hora de dormir. Ela diz que fica pensando se os meninos estão com fome ou se estão sendo maltratados.

Quando se trata de crianças, todos nós somos responsáveis, todos nós deveríamos estar chorando as dores destes pais. Seja Madeleine ou seja os três meninos de Belford Roxo.

Por: Pauta de Hoje

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Moro, de herói a inimigo

Após decisão do Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava-jato pela incompetência da 13º Vara Federal de Curitiba do ex-juiz Sérgio Moro, o passado vem à tona.

O ex-juiz e ex-ministro, antes de se rebelar contra o presidente e acusar Jair Bolsonaro de interferir nas investigações da Polícia Federal, era tido pelos simpatizantes do atual governo como o herói da pátria. Moro agora é alvo desse mesmo grupo que, inconformado com a anulação e retorno da elegibilidade de Lula, desconstroem mais uma vez a imagem heroica de Sérgio Moro.

Lula cometeu crimes, a maioria dos seus apoiadores tem ciência disso. A anulação foi relativa a incompetência, e não ao mérito processual. Porém, se Curitiba, e consequentemente Moro sempre foram incompetentes para julgar, porque isso aconteceu?

No “Plano Lula”, Moro e companhia deram um “jeitinho brasileiro” – combinaram denúncias entre Ministério Público e Poder Judiciário e interferiram na política – o ódio visceral ao PT e a sede de ver o ex-presidente condenado e preso pelos seus crimes, inviabilizando sua participação nas eleições de 2018, iam muito além de qualquer moralidade. Deram ao juiz de Curitiba o posto de salvador da pátria, não se atendo a preliminar mais básica de um processo: a competência territorial para julgar, uma das mais evidentes ilegalidades da operação.

Agora, faltando menos de 2 anos para as eleições presidenciais, Lula volta a ser elegível. A parcialidade de Sérgio Moro, antes chamada de heroísmo e coragem faliu na mesma proporção da sua queda como Ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo Bolsonaro.

Para o Presidente da Câmara e aliado de Bolsonaro, Arthur Lira, “Lula pode até merecer a absolvição, mas o ex-ministro Sergio Moro, jamais”.

Para o governador do Ceará, Camilo Santana, do PT, “Ninguém deve estar acima da lei. Nem julgados, nem julgadores”.

Questionado por petistas e bolsonaristas no Twitter, Moro silencia.

Com as condenações contra Lula até agora anuladas, os processos contra ele vão para julgamento em Brasília, decisão sempre defendida por juristas, constitucionalistas e pela defesa do ex-presidente. Os processos poderão cair com qualquer um dos quatro juízes que compõem a 10ª e a 12ª Vara do DF e os juízes poderão escolher reaproveitar atos processuais da Vara Federal de Curitiba ou reiniciar totalmente a instrução das ações penais.

Por: Pauta de Hoje