Moro, de herói a inimigo

Após decisão do Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava-jato pela incompetência da 13º Vara Federal de Curitiba do ex-juiz Sérgio Moro, o passado vem à tona.

O ex-juiz e ex-ministro, antes de se rebelar contra o presidente e acusar Jair Bolsonaro de interferir nas investigações da Polícia Federal, era tido pelos simpatizantes do atual governo como o herói da pátria. Moro agora é alvo desse mesmo grupo que, inconformado com a anulação e retorno da elegibilidade de Lula, desconstroem mais uma vez a imagem heroica de Sérgio Moro.

Lula cometeu crimes, a maioria dos seus apoiadores tem ciência disso. A anulação foi relativa a incompetência, e não ao mérito processual. Porém, se Curitiba, e consequentemente Moro sempre foram incompetentes para julgar, porque isso aconteceu?

No “Plano Lula”, Moro e companhia deram um “jeitinho brasileiro” – combinaram denúncias entre Ministério Público e Poder Judiciário e interferiram na política – o ódio visceral ao PT e a sede de ver o ex-presidente condenado e preso pelos seus crimes, inviabilizando sua participação nas eleições de 2018, iam muito além de qualquer moralidade. Deram ao juiz de Curitiba o posto de salvador da pátria, não se atendo a preliminar mais básica de um processo: a competência territorial para julgar, uma das mais evidentes ilegalidades da operação.

Agora, faltando menos de 2 anos para as eleições presidenciais, Lula volta a ser elegível. A parcialidade de Sérgio Moro, antes chamada de heroísmo e coragem faliu na mesma proporção da sua queda como Ministro da Justiça e Segurança Pública do Governo Bolsonaro.

Para o Presidente da Câmara e aliado de Bolsonaro, Arthur Lira, “Lula pode até merecer a absolvição, mas o ex-ministro Sergio Moro, jamais”.

Para o governador do Ceará, Camilo Santana, do PT, “Ninguém deve estar acima da lei. Nem julgados, nem julgadores”.

Questionado por petistas e bolsonaristas no Twitter, Moro silencia.

Com as condenações contra Lula até agora anuladas, os processos contra ele vão para julgamento em Brasília, decisão sempre defendida por juristas, constitucionalistas e pela defesa do ex-presidente. Os processos poderão cair com qualquer um dos quatro juízes que compõem a 10ª e a 12ª Vara do DF e os juízes poderão escolher reaproveitar atos processuais da Vara Federal de Curitiba ou reiniciar totalmente a instrução das ações penais.

Por: Pauta de Hoje

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