Pernambuco

PF cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão em Ouricuri e outras cidades; prefeito e deputado também são alvos das operações

 A PF deflagrou, na manhã desta sexta-feira (2), as Operações Ipuçaba, Circus e Pergaminho, com o fim de apurar a ocorrência de crimes contra a Administração Pública, como peculato, fraude em licitações, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em contratos firmados pela Prefeitura de Ouricuri/PE com empresas prestadoras de serviços sediadas nos Estados do Pernambuco e Ceará.

São cumpridos 35 (trinta e cinco) mandados de busca e apreensão e 03 (três) prisões preventivas em desfavor de empresários, servidores e ex-servidores públicos em Ouricuri/PE, Juazeiro do Norte/CE e Fortaleza/CE, além das medidas cautelares de indisponibilidade de bens e afastamento de cargos de servidores públicos investigados. Um dos mandados de busca e apreensão de Juazeiro do Norte acontece na casa de um Deputado Federal eleito pelo Ceará. As investigações contaram com o auxílio da Controladoria-Geral da União em Pernambuco.

As medidas judiciais visam reforçar os elementos de prova de autoria, materialidade e circunstâncias dos fatos investigados, com a apreensão de computadores, telefones celulares e documentos, além de recuperação do dano ao erário apurado. A investigação apura os contratos firmados a partir de 2019 até 2021. Os crimes que são investigados são o de peculato, fraude em licitações, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os investigados poderão cumprir pena de até 45 anos de reclusão. Os presos passarão por audiência de custódia e caso seja confirmada suas prisões preventivas irão ser enviados para a Cadeia Pública de Salgueiro ficando a disposição da 27ª Vara Federal de Ouricuri/PE, caso contrário, responderão ao processo em liberdade.

Operações

A operação IPUÇABA apura contratações de empresas pela Prefeitura de Ouricuri/PE para prestar serviços de transporte de alunos da rede pública de ensino e locação de veículos para atendimento de demandas das Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social. As diligências realizadas durante a investigação apontam para a existência de uma organização criminosa especializada em desviar recursos públicos por intermédio de empresas de fachadas constituídas especificamente para fraudar licitações e superfaturar contratos. Da mesma forma, a equipe de investigação apontou fortes indícios de que os serviços não teriam sido prestados, embora os pagamentos tenham sido integralmente realizados, gerando, portanto, possível prejuízo aos cofres públicos e enriquecimento ilícito dos envolvidos. Relatório da Controladoria-Geral da União identificou que as empresas controladas pelo grupo criminoso receberam, desde 2012, mais de sessenta e um milhões de reais somente da Prefeitura de Ouricuri/PE.

Por sua vez, na operação CIRCUS, a PF investiga suposta contratação irregular pela Prefeitura de Ouricuri de tendas e banheiros químicos, as quais foram locadas com o objetivo de proporcionar maior conforto aos beneficiários do Auxílio Emergencial do Governo Federal durante a espera de atendimento pela Caixa Econômica Federal (2020). No decorrer da apuração, identificou-se sobrepreço na contratação dos serviços de aproximadamente 500% quando comparado com o último contrato firmado entre Prefeitura e a empresa ora investigada.

Na operação PERGAMINHO, por seu turno, a Polícia Federal investiga contratos firmados pela Prefeitura de Ouricuri com empresas constituídas por sócios laranjas para prestação de serviços gráficos e reprográficos à Secretarias do Município. Conforme verificado na investigação, desde 2012 as empresas controladas pelo mesmo grupo familiar vêm se beneficiando de vultosos contratos com a Prefeitura de Ouricuri, os quais, segundo apontado pela Controladoria-Geral da União, são viciados e potencialmente superfaturados. Além disso, a gráfica investigada é suspeita de realizar manobras espúrias para arrecadar dinheiro de outras empresas contratadas pelo ente municipal, em possível esquema de pagamento de vantagem indevida, para posterior distribuição entre agentes públicos, indicando, assim, suposta intenção de ocultação de valores desviados dos cofres públicos.

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